terça-feira, 26 de outubro de 2010

Vértices e urzes

No Anhangabaú, exaustos da caminhada...
cantamos, Fon e eu, à democracia.
Bradamos mil vezes, "diretas já", num coro que
sei, não experimentarei outro igual...
um milhão de seres
embriagados de esperança 
no chão público do coração paulistano.
              

Presentes Brizola, Lula, FHC, Serra, Covas, Ulisses Guimarães...
Todos com bandeiras... brasileiras.
          
Por uma contingência fortuita do destino, o nosso percurso nos levou
ao pé do palco...
onde todos cheiravam a talco... 
e pudemos vibrar com a energia sincera da esperança de venturoso tempo, 
com liberdades democráticas garantidas.

votos para domingo?
Votos de que todos votemos motivados pela esperança de um Brasil mais justo, menos desigual.
  
Beijo verde-amarelo-azul e branco, cheio de estrelinhas.

Cathy

Tango sem futuro
já houve o tempo em que pensar foi mais difícil
e que calar era obrigatório
daí
eu falava contra a parede
e pensava sempre com uma máscara.
hoje, também, não é assim tão fácil
cato idéias como caço pratos
falo tão pouco que talvez nem falo
o verbo está assim como preso a um muro
esta canção também é de mentira
este meu tango não tem futuro.
vicente vitoriano
(do livro "vértices do triângulo", 1985)


SONETO
a Maria Teresa Maciel

Flor tropical esplêndida e louçã,
Rosa lafrance delicada e pura,
Joia de imarcescível formosura,
Fulgurante e odorífera manhã.

Tens as faces tingidas de romã,
E teu olhar da luz do céu fulgura,
Branca de Neve, lírio da candura,
Celestial, bendito talismã.

És uma prece que se faz menina,
Uma pérola nívea e pequenina,
Guardada entre conchinhas multicores

A rainha tu és dos querubins,
Das begônias e cravos e jasmins,
De todos os encantos e esplendores.
Milton Siqueira
Flores e Urzes (página 27). 1958

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