quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cinza prata

para luíza

nela, o cinza prata cai
como o sol de setembro numa sexta-feira em viena. ela é bonita, mesmo quando o tom revela um bocado de pecado entre o espartilho e alguns sábados passados. são lentos agora os antigos passos apressados. saltos, arremeços e batons. nuvens entre champagnes e beijos. o mar entre as pernas e uma boca pequena, apertada entre a íris e grandes cílios que se comprimem ante a ansiedade que lembra a alegria da primeira bicicleta. olhos e umbigo. azuis e a maciez de uma pele de bebê. sabe. ela faz e ri quando se deita. como uma asa delta, deita ao lado, escorrega. voa entre o luar.

eustachio dos santos lima
ilustração: vicente vitoriano


primavera

é um dia lindíssimo de primavera
depois do banho, ela desce
sai entre as flores e o verde bonito das árvores
alamedas acesas com os raios do sol e a beleza da alegria
mais uma vez ela ri

acontece assim que é azuL

acontece

assim

quando ela
simplesmente
aparece

eustachio sl

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O nosso poema processo

Ponto 1, a "Ave" de Pino inaugura o movimento antes de andar. E a caretice no auge sequer sabia do processo em andamento. Processo, palavra chave, mágica, abrangente, voos para uma vanguarda que habitava o tripé da A Palhoça, Cine Clube Tirol e calçada das Cocadas. Poetas do quê? Processo de onde? Explosão: Buuum? A palavra caiu na porta da Livraria Universitária: Track!

A(r)mar?, 12 x 9 era Falves, o Olho de Anchieta, 1822 de Nei. Sorria! Es USted Livre? Laércio Bezerra era. E veio Frederico Marcos reinventando o Olho. E Bianor perguntou "E agora?". Veio o sonho, Dailor, Marcos Silva, Sanderson, Juliano e Moacy.

Cirne fazia a ponte do Rio: Álvaro e Neide, o papa Wlademir: Poemas Inaugurais. Poemics. Um tal Projeto Zero de Bosco Lopes. Por uma Vanguarda Nordestina. E de Recife pintou Jomard, Marcone e Bruscky, o dadaísta declarando guerra ao obscurantismo.

BEBA COLA COLA
BABE COLA
BEBA COLA
BABE COCA
CACO COLA
CLOACA

Seja Marginal, seja heroi em Natal. Praia dos Artistas, Proposição 67, humanismo funcional para as massas. Abaixo a Censura e Viva a técnica-operatório: Não se busca o definitivo. Salve o Relativo. Salve o Provisório. Não ao Não. Ação. Crie sua Versão.

Faça humor, faça quadrinhos e xô todas as legendas, a ditadura militar, a velha estética.
E subiu a Paraíba num dia qualquer, com Zé Neumanne, Aderaldo Agnaldo Arnaldo e Regina Coeli: WYKYW. Curta, poemas visuais, pão gigante de Marco Polo, Pátio de São Pedro, Mauriceia. O pau do AI-5, o 68 radical, filhos de Oiticica, seus parangolês. Quem tem medo do 69?: "Toda poesia cabe aqui" na metalíngua de Plínio e Medeiros. Uma quase palavra na boca da privada: Câmbio. Signo de processos: $$?$?, instalações quase elétricas. Finda. Começa. Instauração da Práxis.

Chico Lira

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Território de Dionísio

o jardim de fon & cathy

funciona assim: dá-se um suspiro... um suspiro leve, dolente, com a maciez das mais doces lembranças, e aquece. aquece-se a alma, como um vento brando que assobia lentamente. desce como uma nuvem, a imagem. é dela o retrato. é ela. a minha cunhada querida, minha irmã do peito, amiga do coração, ma cathy. aí começa um quê de magia que impele ao texto, como um filete de magia psicografado pelo sublime guitarrista dos vândalos. aí já não estou mais só. estou sorrindo entre eles, que fizeram por tanto tempo, aquele casal tão bonito.

última vez que estivemos juntos foi durante a performance de yoko ono, o concerto de dylan e o "'ultimo concerto de fon" na sala do seu apartamento. ali, entre guitarras e emoções, cantamos, ao lado de afonsinho & gabriel, todas as letras dos beatles, todas aquelas que seriam as nossas mais lindas lembranças.


cathy & fon nesse jardim do passado. passado que é tão presente como o sangue que visceja em nossas mãos. dá gosto gostar de cathy. dá gosto gostar de lembrar como é tão bom ter sido tão bom.


is getting to the point...


eustachio



Eustachio, meu querido

Essa memória é tudo...

Fon ali tocando o que ele chamou de maratona

beatle; se não tocamos e cantamos o catálogo todo, foi por muito pouco, pois

passamos a maior parte do dia nesse ofício.

Fon partiu em grande estilo... o último show, bem lembrado, foi o de Dylan,

as últimas músicas cantadas, o repertório dos Beatles; sharing another memory...

a última música que o ouvi tocar foi "A Paz", de Gil e João (Donato)... num ambiente leve,

muito calmo, como ele só...

profético lembrar da letra...

"eu pensei em ti, eu pensei em mim, eu chorei por nós..."

assim, ao ler o seu jardim de fon e cathy, me encho de melancolia suave (não é sentimento

ruim, não. faz parte de ser humano) pela sua doçura em lembrar a magia desse tempo em que

estivemos juntos, na comunhão extraordinária que a música propicia... mágica arrebatadora,

território de Dionísio.

O que lhe oferecer nesse momento difícil por que passa?

Venha ao nosso jardim . Esse é um convite on line... a qualquer dia e hora, de coração.

Os meninos iriam curtir muito sua chegada por aqui. e eu, então...

Senti sua voz firme e resiliente ao telefone e isso me deixou um pouco mais sossegada; esse apoio

carinhoso da rede é tudo nessa hora. Que povo bacana que você juntou , heim?

Por isso é jardineiro, por isso é semeador.

May God bless the gardener... always.


Beijo,

Ma Cathy

sábado, 11 de setembro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Rente ao peito

essa rede do coração agora
é tanta
quanto o espinhaço da saudade
o néctar
extasiante
de um agora frenético
exercido a mil
como uma torrente
uma corrente
uma cor rente ao peito
à pele
ao pelo que arrepia
que arregaça
que assobia
como o aço
como o azul
como você e eu
como eu e você
e todo sol
em tudo só
e o amor
em nós

Eustachio Lima

No Dunga's Mausoleu Museum

Beth, Marcelinho e D'Lira


































































quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Fala proibida do povo
























To: redenatal@yahoogrupos.com.br
From: chicolira45@hotmail.com
Date: Tue, 7 Sep 2010 06:23:21 +0000
Subject: [REDENATAL] Geringonça

Meus queridos e queridas,

Geraldo Queiroz, jornalista, escritor, pesquisador e ex-reitor da UFRN, que encontrei no lançamento do livro de Leide, me mandou (via Fernando Melo, que me achou no bar de Nazaré), o livro "Geringonça do Nordeste - A Fala Proibida do Povo", que saiu numa 2ª edição (a 1ª é de 1989), revisada e ampliada. Geraldo foi meu vizinho no Tirol (namorou Célia, minha irmã): "Para Chico Lira, compartilho com o amigo da Ângelo Varela, um pouco da história do RN na época do Estado Novo".

"Geringonça ..." está na lista de Moacyr Cirne (Almanaque do Balaio - Natal/2006), como um dos 20 livros fundamentais para se conhecer o Rio Grande do Norte (vai querer saber os outros 19, Lola?).

O título vem do livro "não lançado" em 1937 (foi proibido no início do Estado Novo) pelo grande educador Clementino Câmara, que reuniu dois mil verbetes, com termos utilizados por todos nós, pela nossa gente, que não precisa mais do que este número de palavras para se comunicar.

O miolo do livro traz uma entrevista "imaginária" do "professor simples, pobre, acolhedor, consciente, honesto, conhecedor profundo do que ensinava" (Cascudo), feita pelo repórter Geraldo, que vai a fundo na história, mostrando o que determinou a proibição da pesquisa pelos governantes daquela época. Se alguém se interessar no assunto, eu posso transcrever depois algumas passagens esclarecedoras do período ditatorial getulista, que foram bem exploradas pelo autor.

Repasso os verbetes mais perigosos, dicionarizados pelo ilustre potiguar (Clementino Cãmara é nome de rua no Barro Vermelho. Morei nela. Na casa da minha ex, Goretti):

Xaboque - pedaço
Troncho - torto
Pau da venta - nariz
Papoco - estampido
Catumbo - inchaço
Quenga - meretriz de baixa extração
Atentado - peralta
Cotoco - coto
Apragata - corruptela de alpercata
Engembrado - alquebrado, cheio de mazelas
Pifão - embriaguez
Tora - pedaço grande
Goga - empáfia
Inhaca - mal cheiro
Táuba - hipértese de tábua
Lamborada - chibatada
Seboso - porcalhão
Pereba - erupção
Tabaco - vagina
Priquito - vagina das meninas
Leso - bobo
Louro - papagaio
Maciota - devagar
Pastorar - vigiar
Munganga - trejeitos
Lambisgoia - moça magra, feia, deselegante
Não lhe conto - preste atenção
Interado - completo, competente
Jururu - tristonho
Mode - a fim de, por causa de
Dunga - principal, cabeça (Ex: "Ele nas artes é Dunga")
Bundacanasca - bricadeira infantil, consistindo em apoiar a cabeça no chão e virar pra frente

Imperdível !


Frases de Alex Nascimento

To: redenatal@yahoogrupos.com.br
From: chicolira45@hotmail.com
Date: Tue, 7 Sep 2010 07:54:45 +0000
Subject: [REDENATAL] Estação Outono

Alex Nascimento (Doutor Valium) o ranzinza, maníaco e esquisito, no seu melhor.

Frases do livro "A Última Estação" (capítulo Outono):


"Sábio não é aquele que diz verdades. É o que escuta e sabe que é mentira"

"Não se engane irmão, por pior que pareça uma pessoa, ela é bem pior do que parece"

"Sim, a distância tem o poder de destruir um grande amor. Mas nunca com a mesma eficácia da proximidade"

"Psicanalista é aquele sujeito que cobra pra dizer coisa que nem de graça ele escutaria"

"Tem certas soluções que, puta merda, a gente morre de saudade do problema"

"O tempo é um santo remédio. O que mata são os efeitos colaterais"

" Classe média é uma pessoa que tem mais vergonha de não ficar rica do que medo de ficar pobre"

"Quem não perdeu a esperança não sabe o que está perdendo"

"A preguiça é a mãe de todos os vícios. Mas excesso de disposição é pai de muito filho da puta"

"Universalmente, os criminosos sempre voltam ao local do crime. Aqui, não chegam nem a sair"

"Nada como o aconchego do lar e o carinho da família pra nós sentirmos o quanto a vida lá fora é interessante"

"É, pode ser que o mundo gire. Mas não muito bem"


O filho de seo Bráulio da Marcenaria é genial

Carnaval d'Outrora

isa hetzel
heitorzinho
ronaldo caveirinha
maria teresa
e jorginho